quarta-feira, 20 de junho de 2012


Há dias venho sonhando
com um encontro cósmico
entre mim e a pedra.

Talhada por deus e abandonada à beira da estrada da criação,
testemunha dos homens e das vidas que levam,
testemunha ela mesma de sua própria vida,
a pedra nada é mais que a pedra.
Já isto tudo,
estes versos mal domados e pior escritos,
são abstrações de alguém que não cala bem.

Mas é importante que voltemos ao sonho.
É importante –
Acendo os olhos,
Ergo os ouvidos,
Abro as mãos e estico
os sentidos.
O silêncio é imperceptível
e parece que ecoa.
Ah!, como nosso colóquio é sublime.

E no entanto ele nunca se deu,
nem nunca se dará fora destas linhas –
que não são mais do que um mau cárcere
para uma pedra livre.
É minha justiça que deve ser feita.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

É tão fácil se acostumar, eis o perigo em fumar.
Acostumado à fumaça, esqueço o fogo,
Apago em mim o que era todo queimar.

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Sonhei não-sei-com-quê, nem sequer sei como,
Mas aprendi a jardinar - logo fui capaz
De fazer raiz onde só há palavra, e nem isso mais.

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Duas mãos sem sentimento: verso que não escreveram.
Pois não escrevam, caiam mortas.
Façam crescer hortas.

Falo palavras que não conheço. Faço poesia com língua estrangeira.
Abro a porta pra ninguém entrar. Se fecho, derrubam, atrás de mim que estou lá.