segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quando o amor de vocês voltar, irá embora o medo de jurar que é “para sempre” o “te amo”; não por haver alguma certeza na afirmação, mas por haver esperança. A dor de desperdiçar mais tempo seria insuportável ao coração que envelhece tão rápido, que mesmo com batidas contadas rufa tão depressa. As fantasias românticas acerca do que “é pra ser” serão. Haverá a cumplicidade de um crime cometido por duas vítimas, e a sincronia parecerá divina.

Mas e enquanto o amor não volta? Toda a sabedoria será vã. E quando voltar? Será pouca. E se não voltar?

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Olhe o tamanho da cabeça

Encontraram o bilhete junto ao corpo inerte de Barnabé, nu e ensanguentado. Estou com pressa. O que dizia era o seguinte:

Acho que na verdade o medo que tenho de enlouquecer é o desejo de que minha vida não corra tão comum, de que minha cabeça ultrapasse suas barreiras de osso, de que eu me torne louco como um mongol. Medo constante, tão forte e constante que só pode ser um oculto artifício da mente, um desejo quieto se masturbando no canto da sala de jantar.

Se eu tiver filhos, o que farei dos meus cachos enrolados; se tiver mulher, o que farei?

Quero ter um futuro que não é certo, cujas probabilidades de sucesso são mínimas mas eu me arrisco a acertar e abraço a causa mesmo. Coração pesado. Sem freios numa pista de gelo. Sobretudo bêbado.

Pobre cão asmático. Eu te saúdo.