terça-feira, 18 de janeiro de 2011

en curso

um dia, porque assim o quis,
num ano que ainda não se imaginou
deus fritou os computadores¹.
todos, não deixou nenhum.
apagou, ao simples clique
do mouse divino
incontáveis gigabytes
de terabytes
de bytes, bytes
de informação.
e era toda a informação.

assim pôs em estado de choque, não de graça,
toda a humanidade.

a humanidade.

reduzida a nada,
testada na maior provação
que os mitos jamais conheceram²,
de norte a sul, leste a oeste,
cima a baixo,
nada.

quem mais sentiu foram os piratas
que mantinham no ar sua barca imensa
de bens que'aviam saqueado³,
deixada à mercê do sopro forte ^4
das interpéries da vontade divina

também o sentiram os poetas
não publicados - e nem por isso menores
cujas almas acabaram
perdidas pra sempre em blogs
nos anais extintos da informação -
ontem eternos
aos pobres corações inflados
deles todos, nós.

deram-se bem os marginais,
os postos-à-parte-de-tudo
os cabeça-oca, cabeça-feita,
care-free, mind-blowned
angel-headed once
mysteries flying
high above
the trouble cloud
at last vanished by ^5

---

¹ fonte duvidosa.

² nem sequer sonharam.

³ em ataques invisíveis.

^4 ventania.

^5 verso incompleto.

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